quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ciclovias integradas pode ser a solução para trânsito caótico


Por Juliana Fernades

Com uma bicicleta marrom, enferrujada e barulhenta, o morador de Vicente de Carvalho Ednaldo Oliveira Santos, de 35 anos, atravessa todos os dias a balsa com destino a Santos, onde trabalha como ajudante geral em uma empresa no bairro do Embaré. A sua empresa não oferece cartão-transporte. Para não retirar o valor da passagem do salário, ele usa a bicicleta. Assim, consegue economizar R$ 80,00 por mês. O ajudante geral diz que se usasse o ônibus teria de acordar mais cedo, pois levaria uma hora para chegar ao trabalho. Com a bicicleta consome, no máximo, 40 minutos: “Ela está sem breque, mas me leva onde quero. Uso os meus pés como freio e mesmo assim nunca sofri acidentes”.

Existem hoje aproximadamente cem milhões de bicicletas circulando nas cidades brasileiras. Pelo menos 60% desta frota é usada diariamente como meio de transporte, 30% para pequenos percursos e 10% para o lazer. Grande parte dos usuários é de baixa renda. Na maioria dos casos, portanto, a bicicleta é a única opção de transporte.

Das nove cidades que compõem a Baixada Santista, Guarujá é a única em que a administração municipal está mais dispersa em relação aos ciclistas, mesmo com a sua população sendo a número um a usar a bicicleta para ir ao trabalho “A prefeita não faz nada para melhorar as ciclovias, está deixando a desejar”, critica Jessé Felix. Santos, São Vicente e Praia Grande são chamadas de cidades-eixos, por possuírem grandes extensões de ciclovias. Por causa da grande quantidade de veículos circulando pelas cidades, os prefeitos estão dando mais atenção às ciclovias.

O presidente da Ciclosan, Rubens de Oliveira Braga, aponta carências na ciclovia de Santos e diz que o sistema cicloviário não é completo, pois não é integrado que quer dizer ciclovias interligadas e normatizadas, bem iluminadas, sinalizadas, sombreadas para chuva, sol, e com bicicletários compatíveis ao número de ciclistas.

Segundo o presidente da ABC, Santos é a cidade que está mais voltada ao turismo por duas rodas e que o prefeito deveria investir mais pesado nessa área junto às lojas que fazem alugueis de bicicletas, para que assim seja beneficiado tanto os turistas quanto as pessoas que usam como lazer.

O autônomo Jader Queiróz Oliveira, de 27 é exemplo disso, mesmo tendo carros e uma situação financeira estável não deixa de lado a bicicleta para distrair a cabeça e fazer exercícios físicos, além de considerar o transporte econômico, seguro e muitas vezes mais rápido do que o carro. Jader comenta que não usa com freqüência a ciclovia prefere andar nas ruas da cidade. “Acho a ciclovia de Santos boa, porém andar nas ruas é mais tranqüilo, pois a ciclovia está cada dia mais cheia, além de ter o movimento de pessoas indo trabalhar” diz.

O presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Felix, diz que o poder público não facilita o uso do veículo: “É preciso tirar do papel a lei referente ao plano cicloviário, que inclui a construção de ciclovias intermunicipais, estaduais e federais”. Uma pesquisa realizada no fim do ano passado pela Associação dos Ciclistas de Santos e Região (Ciclosan) aponta que 55% dos entrevistados que usam veículos motorizados usariam bicicletas se tivessem ciclovias integradas.

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