Por Arucha Fernandes
“O transporte público não é mais visto como prioridade de governo”. Categórico, o especialista e professor da União Brasileira Educacional (Unibr), Érico de Almeida, diz que só o transporte coletivo estruturado poderá atender a demanda de mais de um milhão de habitantes na Baixada Santista. A melhor alternativa para tornar isso realidade é o Veículo Leve Sobre Trilhos, o VLT. “Ele tem que sair do papel”, alerta.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista para a Mão Dupla.
Mão Dupla — Por que o trânsito está tão caótico?
Érico de Almeida — Alguns fatores ajudaram para a situação chegar a esse ponto. O primeiro é a evolução tecnológica que está barateando o preço dos automóveis, que estão mais acessíveis à população. Alguns especialistas já falam até em pedágios urbanos para aliviar o congestionamento. Em segundo, o fato de que os serviços públicos estão deixando a desejar. O transporte público não é mais visto como uma prioridade de governo. Assim, a população deixa cada vez mais de utilizar o serviço. É preciso mais investimento no transporte coletivo. Por fim, o crescimento imobiliário fez com que a ocupação urbana atual seja composta por construções no limite das ruas e avenidas. Portanto, praticamente não existe espaço suficiente para o alargamento das vias.
Parece que o VLT vai, de fato, sair do papel. O senhor acredita que esse meio de transporte vai desafogar o trânsito na região?
O VLT tem de sair do papel. Isso porque nenhuma região metropolitana com mais de um milhão de habitantes pode sobreviver sem um transporte coletivo estruturado. Caso contrário, seremos obrigados a viver em guetos, dentro de uma mesma mancha urbana, ou seja, a pessoa vai nascer, morar e se educar num mesmo bairro, isso pela dificuldade no deslocamento. Essa lógica se demonstra, por exemplo, com o aparecimento de shoppings construídos para atender a população local.
A esperança para a solução dos problemas de trânsito seria a abertura de mais espaço para os carros, ou seja, vias mais largas?
Sim. Ajustar o espaço para caber mais carros, ou 100% do aperfeiçoamento do transporte público para que as pessoas deixem os carros na garagem.
A criação de motofaixas nas principais ruas e avenidas ajudaria na locomoção e na prevenção de acidentes?
O Conselho Nacional de Trânsito não estabelece legislação sobre motofaixas, portanto, não há punição prevista caso algum usuário desrespeite essa sinalização. Essas faixas foram colocadas de maneira equivocada, copiando uma tentativa de melhorar a fluidez do trânsito feita no estado de São Paulo, que aliás, já foi abandonada.
Confira a matéria completa na Revista Mão Dupla deste mês.
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